CONTINUAR JUNTOS O CAMINHO
No dia 19 de novembro, domingo passado, teve lugar o retiro mensal, em Balsamão, subordinado ao tema “Continuar juntos o caminho”, e orientado pelo P. Basileu Pires, MIC, em que participaram 17 pessoas.
No âmbito do sínodo sobre a sinodalidade, para o qual fomos todos convocados, pelo Papa Francisco, lemos a carta que o sínodo enviou a toda a Igreja sobre como decorreu a primeira sessão da 16ª Assembleia do sínodo dos Bispos que se realizou de 4 a 29 de outubro passado, em Roma, subordinado ao tema: “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Nessa carta, os participantes dão graças a Deus “pela bela e rica experiência” que foi esta primeira sessão do sínodo, que se caraterizou pela escuta respeitosa de cada um e de cada uma:
“Pela primeira vez, a convite do Papa Francisco, homens e mulheres foram convidados, em virtude do seu batismo, a sentarem-se à mesma mesa para participarem não só nos debates mas também nas votações desta Assembleia do Sínodo dos Bispos”. “Juntos, na complementaridade das nossas vocações, carismas e ministérios, escutámos intensamente a Palavra de Deus e a experiência dos outros. /…/ . Utilizando o método do diálogo no Espírito, partilhámos humildemente as riquezas e as pobrezas das nossas comunidades em todos os continentes, procurando discernir aquilo que o Espírito Santo quer dizer à Igreja hoje”.
Não hesitámos, dizem-nos, “em exprimir livre e humildemente as nossas convergências e as nossas diferenças, os nossos desejos e as nossas interrogações”. “O relatório de síntese da primeira sessão esclarecerá os pontos de acordo alcançados, destacará as questões em aberto e indicará a forma de prosseguir os trabalhos.”
Dizem-nos que “para progredir no seu discernimento”, até a segunda sessão do sínodo em outubro de 2014, “a Igreja precisa absolutamente de escutar todos, a começar pelos mais pobres”. “Trata-se de escutar aqueles que não têm direito à palavra na sociedade ou que se sentem excluídos, mesmo da Igreja”. “A Igreja do nosso tempo tem o dever de escutar, em espírito de conversão, aqueles que foram vítimas de abusos cometidos por membros do corpo eclesial”. A Igreja precisa de escutar os leigos, mulheres e homens, “o testemunho dos catequistas”, “a simplicidade e a vivacidade das crianças, o entusiasmo dos jovens, as suas interrogações e as suas chamadas; os sonhos dos idosos, a sua sabedoria e a sua memória”. “A Igreja precisa de colocar-se à escuta das famílias”. “Precisa de acolher as vozes daqueles que desejam se envolver em ministérios leigos ou em órgãos participativos de discernimento e de tomada de decisões”. Para progredir no discernimento sinodal, “a Igreja tem particular necessidade de recolher ainda mais a palavra e a experiência dos ministros ordenados”: os sacerdotes e os diáconos. “Deve também deixar-se interpelar pela voz profética da vida consagrada”.
E desafiam-nos a todos: “Não tenhamos medo de responder a este apelo”, de continuar este processo de escuta e discernimento!
Depois, a nossa reflexão debruçou-se sobre o relatório de síntese da primeira sessão do sínodo dos bispos, intitulado: “Uma Igreja sinodal em Missão. Relatório síntese”.
E começa por nos dizer que a Igreja “está a aprender o estilo da sinodalidade e a procurar as formas mais apropriadas para a realizar”. É um processo de escuta e discernimento iniciado a 9 de outubro de 2021 e irá até ao fim de outubro de 2024. Todo este caminho está a ser feito à luz do ensinamento do Concílio vaticano II. O sínodo sobre a sinodalidade da Igreja “constitui um verdadeiro ato de ulterior receção do Concílio, que prolonga a sua inspiração e lança de novo no mundo de hoje a sua força profética”.
“Depois de um mês de trabalho – dizem os participantes no sínodo – , agora o Senhor chama-nos a regressar às nossas Igrejas, para transmitir a todos vós os frutos do nosso trabalho e continuar juntos o caminho”. A vontade do Papa Francisco neste sínodo é a “de envolver todos os batizados”, lembrando que é isso que caracteriza a Igreja sinodal que queremos ser: todos juntos na construção da Igreja comunhão e a participação de todos na missão de anunciar o Evangelho.
“Não é fácil escutar ideias diferentes, sem ceder logo à tentação de rebater”, dizem-nos. E testemunham: “Esta foi para nós uma verdadeira experiência de sinodalidade. Praticando-a, compreendemo-la melhor e percebemos o seu valor”. Lembremos que “sinodalidade” significa “fazer cominho juntos”!
O texto do “relatório síntese” está estruturado em três partes, e “em cada uma das três partes, cada capítulo recolhe as convergências, as questões a aprofundar e as propostas que surgiram do diálogo”.
Nos próximos meses, as Conferências Episcopais servindo de elo de ligação entre as Igrejas locais e a Secretaria Geral do Sínodo, “desempenharão um papel importante para o desenvolvimento da reflexão. A partir das convergências alcançadas, são chamadas a concentrar-se nas questões e nas propostas mais relevantes e mais urgentes, favorecendo o seu aprofundamento teológico e pastoral e indicando as implicações no direito canónico”.
E concluem: “Transportamos no coração o desejo, sustentado pela esperança, de que o clima de escuta recíproca e de diálogo sincero que experimentámos nos dias de trabalho comum em Roma irradie nas nossas comunidades e em todo o mundo”.
Os participantes no retiro sentiram-se entusiasmados com este “clima de escuta recíproca e de diálogo sincero”, que também vivemos e continuaremos a cultivar, mês a mês, na alegria e na esperança de sermos uma Igreja, em que todos caminhamos juntos.
P. Basileu Pires, MIC