MISERICÓRDIA E OBRAS DE MISERICÓRDIA
Decorreu, no dia 16 de julho o retiro mensal, em Balsamão, subordinado ao tema ”Misericórdia e obras de misericórdia”, sob a orientação do P. Basileu Pires, MIC, com a participação presencial de 4 pessoas, uma, via zoom, e um número indeterminado, pelo Facebook. Eis a síntese da reflexão feita:
Em primeiro, precisamos de conhecer/experimentar a grande misericórdia de Deus para connosco, a fim de aprendermos a ser misericordiosos para com os outros. Jesus é “o rosto da misericórdia do Pai” (MV, 1). A misericórdia de Deus manifesta-se sobretudo no perdão dos pecados.
Jesus “acolhe os pecadores e come com eles” porque o Pai faz assim: o Pai do céu, como Jesus nos revela na parábola do Pai misericordioso, sente grande alegria quando um pecador se arrepende, perdoa e faz festa! (Lc 15, 1-31; cf Lc 7, 36-50). O pecador – como é importante que cada um de nós se reconheça como tal – quando se arrepende, pede perdão e é perdoado por Deus, de morto que estava, ressuscita, de perdido que estava, é encontrado (cf Lc 15, 24 e 32; cf Lc 19, 1-10). Eis a razão porque Deus faz festa! No fim do Ano da Misericórdia, o Papa Francisco dizia: “O sacramento da Reconciliação precisa de voltar a ter o seu lugar central na vida cristã”, para que “a todos seja oferecida a possibilidade de experimentar a força libertadora do perdão” (MM, 11).
A misericórdia é o amor absolutamente gratuito do Pai para connosco, sem mérito algum da nossa parte. “Jesus declara – afirma o Papa Francisco, comentando a parábola sobre a necessidade de perdoar sempre (cf Mt 18, 21-35) – que a misericórdia não é apenas o agir do Pai, mas torna-se o critério para individuar quem são os seus verdadeiros filhos. Em suma, somos chamados a viver de misericórdia, porque, primeiro, foi usada misericórdia para connosco. O perdão das ofensas torna-se a expressão mais evidente do amor misericordioso e, para nós cristãos, é um imperativo de que não podemos prescindir” (MV, 9). “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso”, diz-nos Jesus (Lc 6, 36). “Estou perdoado – diz-nos o Papa Francisco –, por conseguinte renasço para uma vida nova; fui «misericordiado» e, consequentemente, feito instrumento da misericórdia” (MM, 16). O dom acolhido torna-se dom doado, sob pena de ser retirado.
A misericórdia para com os outros é amar os inimigos, é amar gratuitamente, “sem nada esperar em troca” (Lc 6, 27-36). Amar os outros como Jesus nos amou – e Ele que nos amou “quando ainda éramos pecadores” (Rm 5, 8) – é o distintivo do cristão: “Nisto conhecerão que sois meus discípulos”, diz-nos Jesus (Jo 13, 34-35; 15, 12). A misericórdia é o “coração pulsante do Evangelho” (VM, 12).
Misericórdia, além de perdoarmos como o Pai nos perdoou e de amar como Jesus nos amou, é também socorrer os irmãos necessitados, com quem Jesus se identifica: “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes” (Mt 25, 40). É fazer aos outros e gostaríamos que nos fizessem a nós. Usar de misericórdia com alguém e fazer-se próximo e socorre-lo em sua necessidade (cf Lc 10, 29-37 – Parábola do Bom Samaritano).
No final da vida, o que conta é a misericórdia (cf Lc 16, 19-31 – Parábola do rico e do pobre Lázaro; Cf Mt 25, 31-46 – Juízo final).
“É a hora de dar espaço à imaginação a propósito da misericórdia para dar vida a muitas obras novas, fruto da graça” (MM, 18). “Somos chamados a dar um novo rosto às obras de misericórdia que conhecemos desde sempre” (MM, 19), exorta-nos o Papa Francisco. E continua: “Somos chamados a fazer crescer uma cultura de misericórdia, com base na redescoberta do encontro com os outros: uma cultura na qual ninguém olhe para o outro com indiferença, nem vire a cara quando vê o sofrimento dos irmãos” (MM, 20).
E para não nos esquecermos dos pobres, para que a Igreja seja testemunha permanente da misericórdia, o Papa Francisco institui, no fim do Ano da Misericórdia (2016), o Dia Mundial dos Pobres. “Deve-se celebrar em toda a Igreja, na ocorrência do XXXIII Domingo do Tempo Comum, o Dia Mundial dos Pobres” (MM, 21).
Lembremos as obras de misericórdia que aprendemos na catequese. Obras de misericórdia corporais: 1) Dar de comer a quem tem fome; 2) Dar de beber a quem tem sede; 3) Vestir os nus; 4) Dar pousada aos peregrinos/forasteiros; 5) Visitar os enfermos; 6) Visitar os presos; 7) Enterrar os mortos.
Hoje, a realidade que apela à nossa misericórdia e o grande número de migrantes e refugiados que nos batem à porta. Deus acompanha os migrantes, como acompanhou Jacob, quando, por causa da fome, teve que emigrar para o Egipto:
“Eu sou Deus, o Deus de teu pai. Não tenhas medo de descer ao Egito, porque lá Eu farei de ti um grande povo. Eu próprio descerei contigo ao Egito e Eu próprio te farei regressar” (Gen 46, 3-4).
Obras de misericórdia espirituais: 1) Dar bons conselhos; 2) Ensinar os ignorantes; 3) Corrigir os que erram; 4) Consolar os tristes; 5) Perdoar as injúrias; 6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; 7) Rezar a Deus por vivos e defuntos.
P. Basileu Pires, MIC