“Um processo sinodal: escuta, discernimento e participação”

ESCUTA, DISCERNIMENTO E PARTICIPAÇÃO

Decorreu, como estava programado, no III domingo da quaresma, o retiro mensal, em Balsamão, no âmbito do sínodo sobre a sinodalidade da Igreja para o qual todos estamos convocados, subordinado ao tema: “Um processo sinodal: escuta, discernimento e participação”, em que participaram 18 pessoas presencialmente e um número indeterminado através das redes sociais.

Depois da oração da manhã (Laudes), abordámos o tema, alternando entre oração sinodal ao Espírito Santo, exposição e diálogo, fazendo deste retiro uma experiência verdadeiramente sinodal, de escuta e de partilha, em ordem ao discernimento. Como nos dizem as orientações deste sínodo, “é especialmente importante que este processo de escuta aconteça num ambiente espiritual que favoreça a abertura na partilha, bem como na escuta”. Por isso, somos incentivados. “a enraizar a experiência local do Processo Sinodal na meditação da Sagrada Escritura, na liturgia e na oração. Deste modo, o nosso caminho de escuta pode ser uma experiência autêntica de discernimento da voz do Espírito Santo. O discernimento autêntico torna-se possível onde há tempo para uma reflexão profunda e um espírito de confiança recíproca, uma fé comum e um propósito comum” (VM 1.1).

Demo-nos, mais uma vez, conta que “o objetivo deste Processo Sinodal não é proporcionar uma experiência temporária ou única de sinodalidade, mas proporcionar uma oportunidade para todo o Povo de Deus discernir em conjunto como progredir no caminho para ser uma Igreja mais sinodal a longo prazo” (VM 1.3). Por outras palavras, este sínodo não é uma moda, mas um processo para nos introduzir no modo permanente de ser Igreja sinodal, em que todos somos chamados “a uma comunhão mais profunda, a uma participação mais plena e a uma maior abertura ao cumprimento da nossa missão no mundo” (VM 1.2).

Mais uma vez, recordamos que “o objetivo do atual Sínodo é escutar, como todo o Povo de Deus, o que o Espírito Santo está a dizer à Igreja. Fazemo-lo escutando juntos a Palavra de Deus na Sagrada Escritura e na Tradição viva da Igreja e, depois, escutando-nos uns aos outros e especialmente aos que estão à margem, discernindo os sinais dos tempos. De facto, todo o Processo Sinodal visa promover uma experiência vivida de discernimento, participação e corresponsabilidade, onde se reúne uma diversidade de dons para a missão da Igreja no mundo”. “É evidente que o objetivo deste Sínodo não é produzir mais documentos. Pelo contrário, destina-se a inspirar as pessoas a sonhar com a Igreja que somos chamados a ser, a fazer florescer as esperanças das pessoas, a estimular a confiança, a vendar as feridas, a tecer relações novas e mais profundas, a aprender uns com os outros, a construir pontes, a iluminar mentes, a aquecer corações e a dar força de novo às nossas mãos para a nossa missão comum” (DP, 32). Nesta linha falamos sobre a necessidade de discernir “os sinais dos tempos”, acontecimentos que nos falam de Deus – a pandemia, a guerra na Ucrânia, as migrações e os refugiados – que insistem na mesma mensagem sinodal, de caminhar juntos: estamos todos no mesmo barco, ninguém se salva sozinho, ninguém se salva sem Deus, somos todos interdependentes, precisamos uns dos outros.
“A escuta sinodal tem em vista o discernimento. Requer que aprendamos e nos exercitemos na arte do discernimento pessoal e comunitário”. “Se escutar é o método do Processo Sinodal e discernir é o objetivo, então a participação é o caminho. Fomentar a participação leva-nos a envolver outros que têm opiniões diferentes das nossas”. “O diálogo implica encontrar-se com opiniões diferentes”.

“Deus fala através da voz daqueles que, facilmente, podemos excluir, pôr de lado ou deixar de contar com eles”. Por isso, “Devemos fazer um esforço especial para ouvir aqueles que podemos ser tentados a considerar pessoas menos importantes e aqueles que nos obrigam a considerar novos pontos de vista que podem mudar a nossa forma de pensar.” (VM 2.2). Neste sentido, foi dito que a nossa Igreja particular está “em dívida de escuta” para com os Leigos e, de modo particular, para com os jovens.

Se num estilo sinodal, se decide por discernimento, “com base num consenso que dimana da obediência comum ao Espírito”, os leigos sentem a falta da participação nos métodos discernimento em conjunto e na tomada de decisões. Por isso, propõem que se façam estes encontros sinodais nas paróquias, em que os padres estejam presentes, para que este estilo sinodal seja verdadeiramente implementado.

O retiro concluiu com a adoração do Santíssimo e a oração de vésperas, na alegria de sermos uma Igreja sinodal.

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