UMA EXPERIÊNCIA SINODAL
Decorreu, como estava programado, no dia 16 de janeiro, em Balsamão, o retiro mensal, subordinado ao tema: “Caminhar Juntos: uma Igreja com a participação de todos”, no âmbito do Sínodo sobre a sinodalidade da Igreja, para o qual todos fomos convocados, em que participaram 8 pessoas, presencialmente, duas, via Zoom, e um número indeterminado, pelo facebook do Convento de Balsamão.
Estivemos em sínodo, invocando o Espírito Santo, reflectindo sobre o convite que o Papa Francisco nos dirigiu para que todos participemos, e ouvindo-nos uns aos outros sobre este tema tão desafiante.
De facto, o Sínodo é um chamamento ao envolvimento de todos os que pertencem ao Povo de Deus – leigos, consagrados e ministros ordenados – para nos empenhemos no exercício de uma escuta profunda e respeitosa uns dos outros. Esta escuta cria espaço para ouvirmos juntos o que Espírito Santo diz à Igreja de hoje. A participação de todos fundamenta-se no facto de que “todos os fiéis estarem capacitados e serem chamados a colocar ao serviço uns dos outros os dons que cada um recebeu do Espírito Santo”.
Neste convite a que todos participem, é preciso esforçar-nos por “assegurar a inclusão das pessoas marginalizadas ou que se sentem excluídas”.
“Nós, pastores, caminhamos com o povo, diz-nos Papa Francisco, umas vezes à frente, outras no meio e outras atrás. O bom pastor deve caminhar assim: à frente para guiar, no meio para encorajar e não esquecer o cheiro do rebanho, atrás porque o povo também tem “faro”. Pastores misturados, mas pastores: “Na frente para mostrar o caminho, no meio para ouvir o que o povo está a sentir e atrás para ajudar aqueles que ficam um pouco para trás e para deixar que o povo veja um pouco com o seu faro onde estão as melhores ervas”.
“’Os pobres, os mendigos, os jovens toxicodependentes, todos estes que a sociedade descarta, fazem parte do Sínodo?’. Sim, responde o Papa Francisco, eles fazem parte da Igreja”. “Se não fores ter com eles para passar algum tempo com eles, para ouvir não o que eles dizem, mas o que ouvem, até os insultos que te dirigem, não estás a fazer bem o Sínodo. O Sínodo vai até aos limites, engloba todos”. O Sínodo é também dar espaço ao diálogo sobre as nossas misérias, dos bispos, dos padres, dos leigos, dos consagrados e das nossas comunidades paroquiais.
No diálogo, que foi muito vivo entre os participantes, falámos sobretudo sobre uma das misérias das nossas comunidades paroquiais: o facto de às vezes nos considerarmos donos da Igreja e não sermos acolhedores para aqueles que se aproximam e querem participar; pelo contrário, dizemos palavras que ofendem e afastam. Somos como o filho mais velho (fariseu) da parábola do Pai misericordioso. Temos que aprender a acolher com alegria os que voltam, como o fez o Pai misericordioso. Temos que passar de um Igreja da “farisaica” e hipócrita para uma Igreja da “graça” e da alegria.
O Papa Francisco encorajamos à participação, levando o sínodo a sério: “Vim aqui, diz o Papa Francisco aos cristãos da sua Diocese e, hoje, a nós, para vos encorajar a levar a sério este processo sinodal e para vos dizer que o Espírito Santo precisa de vós. E isto é verdade: o Espírito Santo precisa de nós. Ouvi-o escutando-vos uns aos outros. Não deixeis ninguém de fora ou para trás”. “Se escutar é o método do Processo Sinodal e discernir é o objetivo, então a participação é o caminho”.
Nesta escuta mútua e neste diálogo, orientou-nos a pergunta que nos é feita neste Sínodo, sobre o caminhar juntos, que pode exprimir-se de uma maneira muito simples: “somos felizes como Igreja, como cristãos? E o que é que nos falta para sermos felizes? O que é que precisamos de mudar na nossa própria vida, na vida das nossas comunidades, na vida da Igreja toda para que o Evangelho seja uma bela notícia vivida e anunciada, vivida por dentro e comungada pelos de fora com beleza, com profecia, com novidade, com alegria?” (como disse a Cristina Inogês Sanz, teóloga espanhola e membro da comissão metodológica do Sínodo).
Este dia de experiência sinodal concluiu-se com a adoração do santíssimo e a oração de vésperas.
Basileu Pires, MIC